terça-feira, 5 de julho de 2016

Libertando o velho Homem

O mais terrível inimigo do Cristianismo tem sido um legalismo, oposto à simples mensagem da graça redentora do Senhor Jesus Cristo. O legalismo aparece como uma névoa, carregada de doença e morte, que se deposita sobre todas as superfícies dos empreendimentos do reino de Deus. É a pesada escuridão que, se não fossem as medidas da providência de Deus, já teria extinguido há muito a luz cristã. O legalismo significou uma volta à escravidão da lei. Não obstante, a lei teve a sua função durante um período de tempo. Paulo afirmou que a lei fora dada para tratar de transgressões específicas até a vinda de Jesus Cristo.
Logo, para que é a lei? Foi ordenada por causa das transgressões, até que viesse a posteridade a quem a promessa tinha sido feita; e foi posta pelos anjos na mão de um medianeiro. (Gl 3.19)
O propósito da lei era revelar o estado real da humanidade, para que as pessoas sentissem suas necessidades de Jesus Cristo e de seu evangelho de graça e perdão; a lei operou o diagnóstico da alma humana enferma em seus delitos e pecados para que as pessoas sentissem a carência do remédio eficaz que podiam encontrar no médico divino por excelência: Jesus Cristo.

O argumento de Paulo (Gl 3.21) é o seguinte:
Logo, a lei é contra as promessas de Deus? De nenhuma sorte; porque, se fosse dada uma lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela lei. Gl 3:21
Se a lei pudesse dar vida, a justiça ou a justificação viria através da lei; entretanto, a lei não pode dar vida, pois ela acusa o pecado, mostra o pecado, e o pecado gera a morte. Dentro da história da salvação, a lei teve o seu lugar, foi importante para a organização e conscientização do povo de Deus, chamado a partir de Abraão. A lei é boa e necessária, quando utilizada de modo legítimo.
Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela usa legitimamente; Sabendo isto, que a lei não é feita para o justo, mas para os injustos e obstinados, para os ímpios e pecadores, para os profanos e irreligiosos, para os parricidas e matricidas, para os homicidas, Para os devassos, para os sodomitas, para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros, e para o que for contrário à sã doutrina, Conforme o evangelho da glória de Deus bem-aventurado, que me foi confiado.(1 Tm 1:8-11).
Entretanto, antes da lei já havia a promessa a Abraão, mais especificamente, 430 anos antes.
Mas digo isto: Que tendo sido a aliança anteriormente confirmada por Deus em Cristo, a lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não a invalida, de forma a abolir a promessa. (Gl 3:17)
De modo que a lei não podia desfazer a promessa. A aliança estabelecida entre Deus e Abraão e ratificada com a promessa não podia ser revogada, pois o próprio Deus foi quem tomou a iniciativa e o que Deus estabeleceu não pode ser desfeito. A promessa dependeu da fé e o princípio da fé é anterior e mais fundamental do que a lei mosaica, de modo que a promessa engloba a lei. Outrossim, a própria lei, para seus efeitos, dependia da fé daqueles que faziam as oferendas pelos pecados, dos sacerdotes, do povo. A promessa se cumpriu após o período em que a lei teve sua utilidade. Uma não é contrária à outra. A lei não pode invalidar a promessa porque veio através de um mediador:

E disseram a Moisés: Fala tu conosco, e ouviremos: e não fale Deus conosco, para que não morramos. Êxodo 20:19
Este é o que esteve entre a congregação no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai, e com nossos pais, o qual recebeu as palavras de vida para no-las dar. Ao qual nossos pais não quiseram obedecer, antes o rejeitaram e em seu coração se tornaram ao Egito, Dizendo a Arão: Faze-nos deuses que vão adiante de nós; porque a esse Moisés, que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe aconteceu. E naqueles dias fizeram o bezerro, e ofereceram sacrifícios ao ídolo, e se alegraram nas obras das suas mãos. Mas Deus se afastou, e os abandonou a que servissem ao exército do céu, como está escrito no livro dos profetas: Porventura me oferecestes vítimas e sacrifícios No deserto por quarenta anos, ó casa de Israel? Antes tomastes o tabernáculo de Moloque, E a estrela do vosso deus Renfã, figuras que vós fizestes para as adorar. Transportar-vos-ei, pois, para além da Babilônia. Estava entre nossos pais no deserto o tabernáculo do testemunho, como ordenara aquele que disse a Moisés que o fizesse segundo o modelo que tinha visto. O qual, nossos pais, recebendo-o também, o levaram com Josué quando entraram na posse das nações que Deus lançou para fora da presença de nossos pais, até aos dias de Davi, Que achou graça diante de Deus, e pediu que pudesse achar tabernáculo para o Deus de Jacó. E Salomão lhe edificou casa; Mas o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens, como diz o profeta: O céu é o meu trono,e a terra o estrado dos meus pés.Que casa me edificareis? diz o Senhor,Ou qual é o lugar do meu repouso? Porventura não fez a minha mão todas estas coisas? Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais. A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram os que anteriormente anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora fostes traidores e homicidas; Vós, que recebestes a lei por ordenação dos anjos, e não a guardastes. (Atos 7:38-53)
Assim como a promessa se cumpriu em Cristo, que é o único Mediador entre Deus e os homens
Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem. (1 Tm 2:5)
Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: E às descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua descendência, que é Cristo. (Gl 3:16)
Em Gl 3.16 Paulo, em meio a uma reflexão considerada apenas um argumento humano, insistiu em que as promessas de Deus tinham sido feitas a Abraão e à sua semente ou descendência – a uma, e não a muitas.
E apareceu o Senhor a Abrão, e disse: À tua descendência darei esta terra. E edificou ali um altar ao Senhor, que lhe aparecera. (Gn 12:7)
Que deveras te abençoarei, e grandissimamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e como a areia que está na praia do mar; e a tua descendência possuirá a porta dos seus inimigos;E em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz. (Gn 22:17,18)
Depois identificou esta semente com Jesus Cristo, declarando que Jesus Cristo é a verdadeira semente de Abraão. Mais uma vez o Senhor Jesus Cristo está no centro da reflexão. Isaque, filho de Abraão, não foi o instrumento para levar a bênção de Deus a todos os povos, pois a realização perfeita da promessa de Deus aconteceria com a vinda de Jesus Cristo, na plenitude dos tempos.


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